Esses dias, me deparei com um vídeo em que um indivíduo citava algumas ações que, na visão dele, eram inúteis ou pouco agregavam no início de um negócio. E um das ações citadas era investimento em design, logo, cores … para ser mais específico em relação as palavras dele.
Quando pensamos em um produto inicial, de fato, estamos primeiramente preocupados em saber se a ideia dará certo, se ela se sustentará. Isso pode ser mais difícil se seu negócio for um restaurante, por exemplo. Certamente demandará muito mais de um entendimento de mercado e um plano de negócio, inclusive esse último também foi um dos itens “inúteis” na visão do cidadão do vídeo. Não dá para sair por aí alugando espaço, se comprometendo com fornecedores, adquirindo maquinários e contratando pessoas para “testar”.
Se o produto for digital, a barreira para essa descoberta é, digamos, mais curta. Há vários mecanismos para isso, incluindo testes de fumaça, que é meu preferido, inclusive. Mesmo pensando em produtos mínimos viáveis, é mais fácil e relativamente barato construir algo inicial, seja no modo faça você mesmo, cada vez mais acessível mesmo para não devs com ferramentas no-code, seja contratando alguém para fazê-lo, diferente da necessidade de se comprometer a alugar um espaço e contratar pessoas, por exemplo.
Um mercado com a régua altíssima
Agora, finalmente entrando de fato no assunto do texto e me referindo aos produtos digitais, embora obviamente investir em design seja importante também nos negócios tradicionais, começo esta etapa do texto com um questionamento: Um produto que nasce com experiência ruim é capaz de se sustentar nos dias de hoje? A resposta rápida: dificilmente, e justifico abaixo.
Vamos pensar nas nossas experiências do dia a dia, com as redes sociais, apps de banco e outras ferramentas digitais que utilizamos, qualquer uma delas. A maioria possui no mínimo aparências agradáveis, muitas delas entregam uma boa experiência de fato e outras se esforçam para tal, pois investem muito em design. Quem aí lembra quando o Nubank surgiu e todos os bancos tiveram que correr atrás para oferecer experiências melhores? Alguns, para acelerar o processo, criaram versões apartadas de seu produto principal para buscar o público que o Nubank estava conquistando, vide coisas como o Next, do Bradesco.
Sim, meus amigos e amigas, a régua hoje em dia está muito alta. Isso faz com que mesmo em estágios iniciais, um novo produto já precise nascer com no mínimo uma boa cara para começar a pensar em conquistar um lugar ao sol. Negligenciar o design não é uma alternativa, mesmo no começo.
E se não tiver orçamento para o design?
Idealmente, é sempre bom contar com uma pessoa designer no time. Ela será capaz de ajudar a achar o fit certo do produto, avaliando e entendo o mercado, modelando a experiência do produto e medindo sua eficácia após o lançamento. Mas, nem sempre é possível, seja por falta de orçamento, seja por falta de tempo mesmo, quando pensamos nas situações em que o time to market requer ação rápida.
Ainda assim, você precisa garantir que o produto nasça minimamente aceitável, mesmo que inicialmente apenas pensando em look and feel. E para obter isso, nem sempre é necessário o papel da pessoa designer. Há diversas bibliotecas de componentes prontas e muito documentadas para uso em projeto para qualquer que seja os fins. Coisas como o bom, velho e popularíssimo Bootstrap, por exemplo, que se seguido a risca pode garantir não só um produto final agradável esteticamente como também aceitável quando pensamos em experiência do usuário. Se você quiser se diferenciar um pouco mais, existem outras muitas alternativas, como Bulma, AntDesign, Material, NextUI … a lista é praticamente infinita.
E o uso dessas ferramentas nem se limita apenas a esse cenário em que você não tem uma força de trabalho focada em design no seu time. Caso você tenha, elas podem beneficiar e acelerar a esteira, integrando entregáveis desenvolvidos por designers ao código, já que ambos estão partindo do mesmo conjunto de componentes e princípios de design (que todas essas ferramentas possuem), garantindo assim que a esteira do produto seja coesa e ágil, além de ser a base para a construção de um futuro conjunto particular de componentes, que posteriormente poderá virar um Design System.
Para resumirmos, não há desculpas para lançar um produto sem o mínimo de design. O que costumamos chamar de Produto Mínimo Viável precisa ser, nem que seja também no mínimo, utilizável e agradável.
Deixe um comentário